A saudade vai vindo e algumas memórias vão ficando mais distantes, mas nunca inexistentes. Siena ainda está por vir, fazendo chegar um dos últimos momentos na Itália e nos levando a um dos lugares mais lindos que já fui, o Val d'Orcia.
Depois de Arezzo e o por-do-sol, chegamos em Siena. Siena, papel de tantas histórias no mundo, foi cenário de uma parte da minha história também, começando por uma janta que posso chamar de programa de índio (para italianos que não compreendem o termo, programa de índio é o que chamamos de um evento, no qual não dá muito certo ou não é muito confortável, como por exemplo a trilha do aeroporto). Como estávamos mortos de fome (novamente) não queríamos perder tempo procurando restaurantes baratos no centro da cidade, até por que já era domingo a noite e a probabilidade era de que tudo estava fechado, então paramos no primeiro restaurante que achamos que por sinal, era muito bonito, elegante, cara de restaurante francês e claro, cara de restaurante caro. Foi caro, pouca comida que nem eram das melhores, porém, fomos elegantes, pagamos a conta e levamos uma garrafa de vinho toscano de brinde no final (eles entenderam que éramos viajantes quebrados e nos deram de presente uma garrafa de vinho caro). Claro que agora eu tenho medo de voltar na cidade, a pessoa se lembrar de mim e querer de volta o que me foi dado.
O centro histórico de Siena é lindo e foi declarado patrimônio da Unesco e é um dos lugares mais visitados do mundo. A praça redonda que é enorme, toda em pedra e que vai descendo uns níveis até chegar em uma boca de captação de águas da chuva (foi assim que interpretei), dá espaço a vários turistas e estudantes e passarem ali algum tempo, apreciando a arquitetura, a história do local, fazendo-nos refletir quantas vidas por ali já passaram, quantos amores ali foram vividos, quantos Palios foram corridos, quantas lutas ganhas..... Se tratando de uma cidade que surgiu no século V, imagina-se muita coisa, mas não o suficiente.
Passamos um bom tempo durante a noite de domingo refletindo sobre isso e vendo o tempo passar devagar, alguns estudantes também faziam isso, alguns poucos turistas como nós, outros ficavam pelos bares e cafés que havia ao redor da praça. Enquanto eu e Anita dávamos uma caminhada entre ruas e lojas fechadas, ouvíamos burburinhos dos italianos mais assanhados e descobríamos coisinhas muito interessante pelas ruelas medievais.
Mais uma noite dormida no carro e lá vamos nós desbravar Siena que tinha as lojas fechadas pela manhã de segunda-feira pelo simples fato de ter sido domingo no dia anterior. A lavação matinal foi toda feita na Universidade de Siena (hahahaha) e foi tudo bem tranquilo e bom. Apesar de uma certa informalidade de alguns que não pareciam estar ali, foi tudo bom como toda a viagem.
O único dia de toda a viagem que o tempo chegou perto de fazer um frio ou algo do tipo foi este, o céu ficou nublado, cinzento, caiu algumas gotículas de água, mas nada que virasse chuva de verdade, o friozinho rendeu uma soneca no parque e por aí ficou.
Entre passeios, chuviscos, muitas lojinhas lindas, pizzas, praças, fonte falante, biscoitos caros, vinhos roubados, o brechó mais lindo do mundo, igrejas e mais igrejas, tiramos uma soneca em um parque e demos adeus a Siena.
É, eu sinto falta de uma cidade assim, tendo como minha realidade uma cidade modernista eu sinto muita saudades de uma cidade como Siena e várias outras cidades europeias...E assim foi acabando o tempo na Toscana.
Vista de uma janelinha qualquer da universidade
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