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12 de março de 2014

Impressões.

São Paulo, 29 de abril de 2013.

Na cidade em que se anda olhando para cima, há de se ter cuidado com o resto do mundo.
Pessoas que vão e que vem, para onde elas mesmas não sabem. Os passos são rápidos, os olhos atentos, curiosos, profundos, vazios, distantes, perdidos. O tempo passa lento, enquanto tudo gira como um dia breve que fosse acabar de repente.
Cada um vive como se fosse único, especial, fazedor da diferença. E no final das contas? Ninguém se diferencia. Somos todos as mesmas formigas carregando folhas pesadas ao longo dos dias. Mantemo-nos no papel que não desejamos e nos enganamos por achar que não fazemos parte da massa idêntica. Nesta cidade particular, 'ser' é raro. Aqui em geral se finge. 
Finge que se têm amigos. Finge que se tem dinheiro, finge que se é diferente, finque que é feliz, finge que se é turista, finge que ...
Há a liberdade ilusória de ser, não se é permitido ser, mas aqui hoje, sou. Sou por que não origino daqui. As regras não me incluem, aqui posso. 

Os prédios particulares tentam também diferenciar-se entre si. Uns são maiores, outros mais tímidos e elegantes, enquanto outros não se acanham em mostrar sua onipotência, que no final das contas acaba por ser feia e arrogante. Vejo pilotis, varandas verdes, imagino-me dentro delas. Imagino-me dentro dos apartamentos vivendo minha vida como deve ser, tranquila, ocupada, com o mundo aos meus pés e a cidade disposta a realizar meus desejos. Minha vida é um paradoxo.

Cadê a concentração?

A concentração de hoje vai para todas as coisas que eu gostaria imensamente de fazer mas que não posso, para todos os lugares que eu gostaria de estar, mas que nem tão cedo estarei e para todos os livros que desejo ler, mas que vai me ficar somente na vontade me esperando ansioso na prateleira. 

Já quase no meio do semestre letivo de 2014, as tarefas para quem em breve se tornará arquiteta e urbanista (obaaa!) são prioridades, já que o desejo maior é finalizar um trabalho bem feito e que sirva a sociedade em que vivo. Há um caso sério de amor em eu e o meu objeto de estudo, por vezes confundi-me com ele e desde então, dou-me um tempo para respirar o que o mundo tem mais a me oferecer. Sim, eu amo uma infinidade de coisas, mas às vezes rola aquela fissura por algumas coisas em particular. 

O carnaval foi passado em casa, sentadinha na minha nova Panton amarela que eu tanto desejava desde a época do design. Lendo, escrevendo, reescrevendo, bufando, tomando vários cafézinhos, chás... Abri mão de um dos meus lugares favoritos do Brasil, dediquei-me ao que eu amo fazer! 

Cá estou novamente, em busca da minha concentração. Gostaria de poder estar lendo na sombra dos coqueiros, ou desenhando a mata Atlântica na Bahia, ouvindo o som do mar no final da tarde, caminhando por ruas charmosas em busca de mim mesma. Porém, hoje tenho a oportunidade de me encontrar de outra maneira, descobrindo dentro de todo um universo o que eu mais gosto de fazer aqui nesta terra! 






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